Nas décadas de 1960/70 milhões de brasileiros foram chamados para ajudar a integrar a Amazônia ao Brasil. Nesta época eu trabalhava cobrindo a implantação de diversas estradas federais, como Santarém-Cuiabá(BR-163), Transamazônica(BR-230), Perimetral Norte(BR-210), Manaus-Caracaraí(BR-174), Manaus-Porto Velho(BR-319) e Porto Velho-Rio Branco(BR-319). Morei em Belém, Santarém e Manaus para melhor cobrir a região. Até hoje, pouca gente sabe que a BR-230 se inicia em Cabedelo-PB, atravessa a zona da mata, o agreste e o sertão nordestino até chegar a Estreito-MA, onde recebe o nome de Transamazônica. Um dos seus objetivos era propiciar aos retirantes da seca uma estrada de serviço, onde eles pudessem sobreviver com bastante água. Hoje o comércio de Santarém é dominado pelos cearenses que para lá foram. Para nós, amazônidas, a BR-230 mesmo tendo sido projetada para ser uma estrada de terra ou caminho de serviço, trouxe muitos benefícios para região. Por pressões nacionais e internacionais, não foi asfaltada. Eu ficava a semana pendurado em monos e bimotores em cima das florestas com dezenas de pilotos que hoje estão voando os Airbus da TAM e os Boeing da Gol ( os melhores que conheço ), lá iniciaram sua carreira, sem nenhum apoio dos modernos radares. Naquela época o governo levava gauchos, paranaenses, paulistas, mineiros e nordestinos para serem assentados nestas estradas, com o objetivo de ocuparem a Amazônia, já que lá só tinha gringos, uns bem e outros mal-intecionados. Eles foram considerados heróis na época. A possibilidade de conseguir um futuro melhor para seus filhos e netos justificava correrem riscos de morte, principalmente com as doenças tropicais. Hoje, eles e seus filhos são chamados de bandidos ecológicos ou invasores, devido às mudanças de objetivo do governo na maneira como preservar a Amazônia. Os heróis atuais são aqueles que lutam por uma reforma agrária sem ordem ou alguns pseudos-ambientalistas que não sabem o que é desenvolvimento sustentável. Preservar a floresta é um lema de todos nós. Respeitar estes pioneiros é um dever e uma dívida a ser paga, pois sem eles, a Amazônia não seria brasileira.
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